Programas internacionais de reabilitação de centros urbanos históricos

Escrito por: Equipe INGÁ, em março de 2024.

Para quem acompanhou nosso texto anterior, "A importância do turismo para conservação do patrimônio edificado no Brasil", abordamos a relevância da preservação do patrimônio edificado no brasil e sua relação com o turismo; e no presente texto, abordaremos um contexto mais amplo, explorando programas internacionais de reabilitação de centros urbanos históricos.

Essas iniciativas ultrapassam fronteiras e são valiosas fontes de inspiração para a conservação do patrimônio cultural pelo mundo. Neste artigo, continuaremos a nossa jornada, analisando estudos de caso de programas reconhecidos como bem-sucedidos em diferentes partes do globo, destacando os princípios e estratégias que têm proporcionado êxito na revitalização dessas áreas históricas.

Os seguintes exemplos representam excelência na área e são referências para ações semelhantes. Vamos analisar os casos: Bolonha, na Itália; Quito, no Equador; e Porto Madero, em Buenos Aires - Argentina, a fim de compreender como essas cidades transformaram seus centros históricos, resultando em melhorias significativas na qualidade de vida e desenvolvimento econômico.

Centro de Bolonha – Bolonha, Itália

O plano de revitalização do Centro de Bolonha, Itália, implementado em 1969, tinha como princípio a integração do centro histórico à política territorial. O objetivo era reabilitar o centro e conter o crescimento nas áreas periféricas, revertendo os processos especulativos que ameaçavam a área histórica. O plano visava criar uma cidade antiga para uma nova sociedade, mantendo o bairro como um tecido social ativo.

Uma das estratégias fundamentais do plano era promover uma diversidade de usos que fossem compatíveis com a estrutura histórica-ambiental. Isso incluía habitação popular, alojamento estudantil, universidades, equipamentos institucionais e comércio artesanal, distribuídos de maneira a preservar a escala humana da cidade. A revitalização bem-sucedida do Centro de Bolonha tornou-se um modelo inspirador para outras cidades ao redor do mundo.

Centro de Quito – Quito, Equador

O Centro Histórico de Quito, com cerca de cinco mil edifícios, foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1978. Com o crescimento constante da cidade, a preservação do local tornou-se um desafio significativo. Em 1988, iniciaram-se estudos para elaborar um Plano de Revitalização do Centro Histórico.

Em 2003, medidas foram adotadas para realocar comerciantes informais para centros comerciais construídos pelo município, regularizando essas atividades. A remoção de fiações elétricas irregulares, placas e estruturas provenientes do comércio informal trouxe maior visibilidade às belas construções com relevante valor arquitetônico, iniciando um processo de requalificação do centro.

As obras de restauro, acompanhadas por consultas à população e parcerias com empresas e organizações da sociedade civil, resultaram na revitalização do espaço público, redução da delinquência e no desenvolvimento de atividades culturais. Além disso, foram disponibilizados créditos habitacionais para a recuperação das moradias e melhorias na infraestrutura urbana e mobilidade.

Porto Madero – Buenos Aires, Argentina

O desenvolvimento da área do Puerto Madero, teve início em 1911 e estendeu-se até 1925. Em 1990, a cidade de Barcelona doou o projeto à prefeitura de Buenos Aires, desencadeando um debate sobre o futuro da área, que apresentava alto grau de obsolescência.

O Concurso Nacional de Ideias organizado pela Sociedade Central de Arquitetos definiu uma visão de desenvolvimento para o local que precisava ser revitalizado. O projeto de reabilitação focava a transformação da região, preservando seu caráter e equilibrando os setores norte e sul, incluindo a conservação de edifícios com valor patrimonial, a construção de edifícios residenciais e a criação de um grande parque que visava a reestruturação da relação da cidade com o rio.

Esse projeto reconhecido como bem-sucedido transformou o Puerto Madero em uma área atrativa para atividades comerciais, melhorando significativamente a qualidade de vida dos habitantes e revitalizando a região central da cidade.


Os estudos de caso apresentados demonstram que a revitalização de centros urbanos é viável por meio de um planejamento estratégico, participação da comunidade e parcerias público-privadas. Esses projetos não apenas preservam o patrimônio histórico, mas também estimulam o desenvolvimento econômico, melhoram a qualidade de vida da população e revitalizam áreas urbanas degradadas.

Essas experiências internacionais de sucesso podem servir de inspiração para cidades brasileiras que enfrentam desafios semelhantes em relação à preservação de seus centros históricos. Com visão, comprometimento e cooperação, é possível transformar centros urbanos em espaços vibrantes, atrativos e culturalmente ricos para as gerações presentes e futuras.


Até a próxima leitura!