Programas de reabilitação e estímulo para revitalização dos centros históricos no Brasil

Escrito por: Equipe INGÁ, em abril de 2024.

Para quem acompanhou nossos textos anteriores, "Programas Internacionais de Reabilitação de Centros Urbanos Históricos" e "A Importância do Turismo para Conservação do Patrimônio Edificado no Brasil", exploramos o cenário de preservação do patrimônio edificado e sua relação intrínseca com o turismo. Agora, convidamos você a dar continuidade a essa jornada pelo universo da conservação do patrimônio histórico, desta vez com um enfoque especial no Brasil.

Neste novo artigo, vamos mergulhar na realidade nacional, analisando programas e iniciativas que buscam revitalizar e preservar nossos próprios tesouros culturais. Com destaque à programas de reabilitação que estão moldando o futuro de alguns centros históricos no Brasil. Ao compreender as estratégias e sucessos alcançados em nosso país, estaremos mais bem preparados para apreciar o contexto global de conservação e compreender como essas práticas podem ser aplicadas localmente.

É inegável que o patrimônio edificado desempenha um papel de relevância indiscutível na preservação de nossa cultura e na promoção do turismo em território nacional. Os programas e iniciativas que iremos discutir representam esforços notáveis para revitalizar e proteger essas áreas de imenso valor histórico e cultural. Embora, neste momento, não nos aprofundemos em detalhes específicos de cada programa, forneceremos exemplos concretos que ilustram o sucesso dessas iniciativas, mesmo que alguns desses locais enfrentem obstáculos persistentes.

IPAC – Salvador-BA

Em Salvador, Bahia, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) desempenhou um papel fundamental na preservação do patrimônio histórico. O IPAC iniciou seu trabalho com o Inventário de Proteção do Acervo Cultural em 1975, que envolveu levantamentos e análises históricas e técnicas de 125 monumentos, incluindo arquitetura religiosa, militar, civil pública/privada e industrial.

O destaque desse programa foi o Projeto Piloto Ladeira da Misericórdia, liderado pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1987, e as obras de recuperação do Pelourinho nos anos 90. Essas iniciativas resultaram na revitalização e reestruturação urbana, criando um centro de atração turística e cultural. Foram realizadas obras de restauro e reabilitação dos edifícios históricos, com financiamento público nacional e internacional, incluindo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Caixa Econômica Federal.

O plano foi dividido em fases de implantação, cada uma visando usos específicos, desde a transformação de imóveis residenciais em espaços turísticos até a criação de praças, escolas de artes, albergues, lojas e hotéis. Essa intervenção em área preservada, que envolveu uma visão abrangente e recursos substanciais, tornou-se um exemplo notável de sucesso na revitalização de centros históricos.

Estação das Docas – Belém-PA

A Estação das Docas em Belém, Pará, é outro exemplo de êxito na revitalização do patrimônio histórico. Inaugurada em 2000, este complexo turístico e cultural ocupou o antigo Porto de Belém, construído em 1850. Os armazéns de ferro inglês, que caracterizam a arquitetura do século XIX, foram restaurados e transformados em espaços de gastronomia, cultura, moda e eventos.

Além disso, as ruínas do Forte de São Pedro Nolasco foram revitalizadas para abrigar um anfiteatro, promovendo atividades culturais. A Estação das Docas demonstra como a preservação do patrimônio histórico pode ser integrada de forma criativa e eficaz com a promoção do turismo e da cultura.

Corredor Cultural – Rio de Janeiro-RJ

No Rio de Janeiro, o Corredor Cultural é um exemplo notável de revitalização do centro histórico. A década de 1970 viu a criação de políticas públicas municipais voltadas para a proteção do ambiente construído. Este projeto preservou o centro histórico e originou o modelo da Área de Proteção do Ambiente Cultural (Apac).

A iniciativa orienta proprietários na recuperação de edifícios históricos, promove pesquisas sobre a história da arquitetura e mobiliza a opinião pública sobre a importância da preservação. Isenções fiscais são oferecidas em troca de investimentos privados na restauração, contribuindo para a revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro.

Porto Digital – Recife-PE

O Porto Digital, em Recife, é um exemplo único de integração entre desenvolvimento tecnológico e preservação do patrimônio histórico. Criado em 2000, o Porto Digital foi projetado para impulsionar o setor de tecnologia da informação em Pernambuco.

O parque urbano ocupa uma área de 171 hectares, incorporando o patrimônio arquitetônico do Bairro do Recife, que inclui estilos colonial, eclético, industrial e moderno. A colaboração entre os setores público e privado resultou na recuperação de mais de 138 mil metros quadrados de edifícios históricos, mantendo suas características arquitetônicas enquanto se adaptam às necessidades de empresas modernas.

Os programas de reabilitação e revitalização de centros históricos no Brasil são testemunhos de como o patrimônio edificado pode ser preservado e revitalizado com sucesso. Essas iniciativas não apenas protegem a história e a cultura, mas também impulsionam o turismo, a economia e o desenvolvimento tecnológico. No entanto, desafios persistentes, como financiamento e manutenção contínua, permanecem. É fundamental reconhecer o valor do patrimônio histórico e continuar investindo em sua preservação para as gerações futuras.


Até a próxima leitura!